domingo, 2 de novembro de 2008

Respeito aos cabelos brancos


O rápido envelhecimento da população brasileira, seguindo tendência mundial, e a maior dependência do rendimento do idoso no sustento familiar torna muito oportuno o debate sobre a situação desses cidadãos na sociedade.

O Brasil, que durante décadas foi apontado como um país jovem, vai, aos poucos, enxergando uma imagem mais madura na frente do espelho. Segundo o Censo de 2000, do IBGE, menos da metade da população (49,7%) está abaixo dos 24 anos. Em 1991 eram 54,2% nessa faixa etária e 4,3% dos brasileiros acima de 60 anos eram chefes de família. Hoje, 5,3% dos idosos são responsáveis pela sobrevivência familiar.

Nossa cultura valoriza muito a juventude, pelo histórico de país jovem e, sobretudo, por conta dos recentes estudos que apontam o grande potencial de consumo dos adolescentes.

Vincular maior alegria e prazer de viver ao jovem é um argumento de nosso cotidiano – na família, na mídia e nas campanhas de marketing – mas que se acentua no contexto de uma sociedade global de característica hedonista e fundamentada na cultura do descartável.

O preconceito contra o idoso está presente nessa sociedade e, com freqüência, é manifestado pela falta de sensibilidade e de solidariedade, numa atitude em que torna depreciativo o destino inevitável de todos nós: sermos testemunhas do tempo.

Envelhecer é o exercício de viver, tanto que nas sociedades orientais é entendido como sabedoria. De forma oposta, no ocidente, é notado pela alteração de algumas funções orgânicas. O próprio adjetivo “velho” nos dicionários figura como: obsoleto, antiquado e gasto pelo uso, mas esquecemos que na linguagem coloquial “meu velho” traduz camaradagem, confiança, amizade e companheirismo – este é o real significado do envelhecimento.

Na sociedade atual, em que o tempo e a velocidade ditam a ordem e a intensidade das relações, o idoso tem seu próprio ritmo, o que não quer dizer que seja menos competente. Existem limitações sim, que são plenamente superadas pela experiência. Ver o idoso como problema é ter uma visão míope do próprio futuro.

Ao reunir os maiores especialistas do país, em diversas áreas, renomados internacionalmente, este guia visa a promover a melhor compreensão do idoso, pelos familiares, pela comunidade e pelo próprio, com orientações para um envelhecimento sadio e harmonioso.

O médico carioca Alexandre Kalache, doutor em saúde pública pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, e coordenador do Programa de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), aponta que para assegurar o envelhecimento saudável é preciso investir não apenas em políticas de saúde, mas também em educação, programas sociais e até no meio ambiente. Não adianta convencer as pessoas de que ser sedentário não é uma boa, se elas vivem numa cidade violenta, com iluminação inadequada, com péssimo transporte público. Essas são condições que tornam o idoso vulnerável, mesmo que esteja saudável. Ele pode tropeçar num buraco da calçada, por exemplo, e, para evitar riscos, não sair de casa. Isolado e sem conseguir caminhar, a qualidade de vida só pode piorar. Qualquer projeto de envelhecimento deve envolver diversos setores e sensibilizar toda a população, de jovens a velhos.

Acredito que precisamos de um esforço coletivo para fazer com que as pessoas tenham a percepção de que vivemos um momento sem precedentes na história, que é o envelhecimento rápido de todas as populações do mundo e em particular as dos países do Terceiro Mundo. Segundo a OMS, nunca houve o fato de um país ser pobre e estar envelhecendo. Os países desenvolvidos primeiro ficaram ricos, depois envelheceram. Os países em desenvolvimento estão envelhecendo antes de ficarem ricos.

Esse é mais um desafio para a sociedade brasileira. Vejo com otimismo as iniciativas e as campanhas de marketing dirigidas ao cidadão da terceira idade, que denotam a inserção do idoso no prazer de consumir, de seguir moda, de ter produtos voltados às suas necessidades, de ter acesso ao crédito - sem críticas, sem marginalização e com muito respeito.

Este Guia faz parte da Série Serasa Cidadania, que entre tantas outras publicações anteriores, sinaliza com o mesmo sucesso, em seus propósitos de cidadania e civilidade, alcançado pelo Guia Serasa de Orientação ao Cidadão - Saiba como evitar a inadimplência e garantir o seu futuro; pelo Guia Serasa de Orientação ao Cidadão - Saiba como reduzir o risco de se tornar vítima da violência; pelo gibi Dinheiro não é brincadeira (para crianças) e pelos livros Vencedor não usa Drogas, do psicólogo Edson Ferrarini, e Direitos do Portador de Necessidades Especiais, de Antonio Rulli Neto.

Elcio Anibal de Lucca
Presidente da Serasa


FONTE: http://www.serasa.com/guiaidoso/

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